«Divertimentos bárbaros, impróprios de nações civilizadas, que servem unicamente para habituar os homens ao crime e à ferocidade» Passos Manuel, 1836.
sexta-feira, 15 de julho de 2016
Mais uma vítima da tauromaquia
Sobre a morte de um toureiro em Espanha
Há 30 anos que não era morto um toureiro na arena em Espanha, e mesmo noutros países os mortos são também muito raros, pelo que o efeito desta nova morte será sem dúvida bastante limitado. Não entanto, são algo mais frequentes os casos de ferimentos graves em toureiros e em conjunto eles transmitem à sociedade a ideia do absurdo que é colocar em risco vidas humanas só para a realização dum espectáculo, para além de que na própria natureza desse espectáculo está a tortura e a morte sistemática de animais, o que também fere a sensibilidade de muitas das pessoas.
Em Espanha estamos a ver enormes contradições na sociedade devido ao facto de oficialmente as touradas serem consideradas legais e legítimas, apoiando a opinião de uma minoria enraizada numa determinada tradição, enquanto a maioria da população espanhola vê as touradas simplesmente como um crime contra os animais, não percebendo como as touradas podem ser uma excepção nas leis que criminalizam o maltrato animal. Assim, assistimos actualmente de um lado à "glorificação" da morte do toureiro por uma parte da imprensa espanhola defensora das touradas e por outro lado à "radicalização" de sectores sociais que criticam as touradas e que utilizam uma linguagem cada vez mais violenta.
No MATP entendemos que esta situação de crescente violência e confronto social só pode ser resolvida com a proibição definitiva das touradas e a sua substituição por espectáculos sem violência, que estejam de acordo com o sentir e a realidade do nosso tempo.
Em Portugal assistimos exactamente ao mesmo fenómeno, com determinados partidos políticos a exercer um bloqueio institucional para impedir a ilegalização das touradas, que também aqui são uma excepção nas leis que criminalizam o maltrato animal. No nosso país as touradas são também uma indústria em profundo declínio mantida unicamente à base de subsídios públicos. E assistimos igualmente a um confronto social entre aqueles que defendem o seu negócio e a sua tradição anacrónica e uma crescente maioria da população portuguesa, cada vez mais farta das touradas, que não percebe como é que animais podem ser torturados impunemente e ainda por cima utilizando o dinheiro dos seus impostos.
Em Portugal, como em todo o mundo, as touradas estão a chegar ao fim. De facto, esse fim já teria chegado se as touradas não recebessem subsídios públicos e não tivessem determinados apoios políticos. Unicamente não nos é possível dizer quando chegará esse fim, que adivinhamos próximo.
No MATP, interpretando o crescente sentir da sociedade, lutamos para conseguir uma sociedade sem violência contra os animais e as pessoas, onde a tortura e a morte sejam o mais rapidamente possível banidas de qualquer tipo de espectáculo.
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