quarta-feira, 22 de agosto de 2012

"Como os aficionados contribuem para a luta antitourada" por Francisca M. Ávila, em O Baluarte de Santa Maria


"Nos últimos dias, a propósito das festas de Viana do Castelo, muito se tem falado de touradas.
Em 2009, Viana do Castelo tornou-se oficialmente uma cidade antitourada, integrando a rede de cidades saudáveis. A decisão, para além de pacifica acolheu a simpatia dos Vianenses e de gente de Portugal Continental, ilhas e por outros cantos do mundo.
Nos últimos tempos, o lóbi tauromáquico tem enfrentando grandes dificuldades. Dificuldades essas que não são mais do que os frutos de um desenvolvimento social, cívico e do crescimento de uma conscencialização ecológica. Por outras palavras: progresso.
As investidas do lóbi tauromáquico para contrariar e estagnar o desenvolvimento da consciencialização social das populações têm sido um tanto desastrosas para si próprios e benéficas para a causa antitourada.

MOVIMENTO "Fim dos dinheiros públicos para as touradas"



AMIG@S P.F PARTICIPEM NESTA INICIATIVA DO GOVERNO
O VENCEDOR SERÁ RECEBIDO PELO PRIMEIRO MINISTRO

"Fim dos dinheiros públicos para as touradas"

Portugal atravessa um momento preocupante de crise económica.
Os cortes na despesa obrigaram ao encerramento de centenas de escolas, serviços de saúde e outros serviços públicos em vários pontos do país, situação que implica um esforço suplementar das populações que se viram privadas destes serviços.

Simultaneamente, na região do Alentejo e Ribatejo têm vindo a ser reabertas várias praças de touros que se encontravam inactivas, com recurso a dinheiros públicos: As Praça de touros de Monforte, Estremoz, Azambuja e Setúbal são apenas alguns exemplos recentes (+ de 3,250,000 euros) a juntar a outros anunciados como é o caso da construção da “nova praça de touros da linha de Cascais”.
Em Monforte, a Câmara apresentou em Julho de 2012, um projecto para transformar uma Escola encerrada na sede do Grupo de Forcados e num Centro de Tauromaquia. Tudo isto pago com fundos Comunitários do PRODER.

A realização de touradas em Portugal depende dos subsídios para a criação de bovinos de lide (através da PAC) e dos apoios financeiros das autarquias (aquisição de milhares de bilhetes, apoio a associações e grupos de forcados, publicidade, reabilitação de praças, etc.). Estes apoios custam anualmente ao Estado português cerca de 16 milhões de euros.

Os cidadãos subscritores deste Movimento não aceitam que os dinheiros públicos sejam utilizados na perpetuação de uma actividade anacrónica, contrariando a tendência mundial de abolição deste tipo de divertimentos e consideram o encerramento de escolas e hospitais e a abertura de novas praças de touros é imoral, injusto e inaceitável.

MOVIMENTO "Fim dos dinheiros públicos para as touradas"
Para votar carreguem em APOIAR no final do texto.
Se ainda não está registado/a no Portal do Governo terá que fazer o registo ou entrar com a sua conta do Facebook.

in O Meu Movimento - Movimento do Rui Manuel

Diz que é uma espécie diferente por Luísa Bastos in ESQUERDA.NET


Até agora, todo o argumento que tenta estabelecer uma distinção moral entre animais não humanos e humanos falhou. Falham porque ao estabelecer qualquer distinção, vão sempre deixar de fora alguns humanos, como por exemplo, bebés, algumas/ns portadoras/es de deficiências e comatosos.
 Estes argumentos tentam assentar em características como a razão ou a capacidade de planear o futuro, entre outras.

Mas de onde advém o estatuto moral de um ser que justifica a reivindicação de direitos morais? Há quem defenda que só tem direitos quem tem deveres. Isto é obviamente falso, porque, por exemplo, não vamos deixar de atribuir direitos às crianças e, certamente, não lhes iremos atribuir deveres. O mesmo se pode dizer de pessoas portadoras de deficiências graves.
 O estatuto moral de um ser advém dos seus interesses ou, coletivamente, do seu bem-estar. Por isso nos chocamos tantas vezes com notícias de que há populações devastadas pela fome ou por uma catástrofe ambiental. Chocamo-nos porque percebemos que o bem-estar daquelas pessoas está comprometido.
 Também percebemos hoje que os animais sencientes – aqueles que têm a capacidade de sofrer e de sentir prazer – carecem de certas condições para garantir o seu bem-estar. Portanto, podemos dizer que todo o ser senciente tem um estatuto moral – tem o interesse de não sofrer, por exemplo, e o interesse de desenvolver as suas capacidades livremente.

Logo, todo o argumento que tenta estabelecer uma distinção moral entre animais humanos e não humanos, tenta retirar aos últimos o direito a ter direitos somente por pertencerem a uma espécie diferente da nossa. Tal cai na discriminação pela espécie, o que é designado por especismo.

A mesma ideologia que suporta o especismo, está presente nas ideologias que suportam o racismo e o sexismo. Tal como o especismo, o racismo e o sexismo supõem que há diferenças significativas entre raças e sexos que justificam a discriminação e a opressão do grupo considerado inferior.

Historicamente, negras/os e mulheres foram associadas/os a animais (não humanos), onde eram caracterizadas/os como irracionais e não completamente humanas/os. Nestes moldes, negras/os e mulheres estavam suficientemente afastadas/os da humanidade. Sendo mais fracas/os e inferiores, apenas serviam o propósito de ser usadas/os pelo homem (branco).

A mulher foi (e é) muitas vezes retratada como animal, não racional, ser privado de inteligência, a quem não cabia direitos. Hoje, apesar de ter direitos, é ainda alvo de discriminação em casa, na escola, no trabalho... Retratos da mulher-animal ou mulher-objeto são vistos ainda hoje na publicidade, por exemplo, onde a violência contra corpos femininos, hunamos e não humanos, é aceite, desejável e até divertida.[1, 2]

Já durante a colonização pelo homem branco europeu, a ciência não parou de tentar provar que o negro era homem-bicho. Mais próximo do macaco que do homem, era estudado e exibido como qualquer outro animal. Ainda hoje o retrato do negro-bicho está presente em diversas imagens.[3]

As questões de opressão advêm sempre do facto do grupo dominante identificar alguma característica no grupo oprimido que o torna, na opinião do opressor, inferior.

Veremos sempre os outros como os nossos olhos, quer sejam homens, mulheres, brancas/os, negras/os, ciganas/os, ou animais não humanos. Sendo membros da mesma espécie, já é muitas vezes difícil compreendermo-nos. Portanto, dificilmente saberemos algum dia como é ser um outro animal. Mas sabemos que animais sencientes sofrem; que as vacas querem estar perto das suas crias; que as ratazanas são capazes de ser altruístas.[4] Todos estes são seres complexos que procuram o que necessitam para terem uma boa vida.

Portanto, se os direitos humanos existem porque queremos viver numa sociedade em que respeitamos toda a vida humana, dando-lhe condições para uma boa vida, então, teremos de caminhar para uma sociedade que dá o direito a uma boa vida a elementos de outras espécies.

[1] Exemplos em: http://responsiblemen.wordpress.com/tag/violence/

[2] http://www.nonhumanslavery.com/speciesism-racism-and-sexism-intertwined

[3] Ver, por exemplo: http://misterfurious.blogspot.pt/2008/04/king-or-kong.html; http://themoderatevoice.com/106893/racist-orange-county-republican-email... http://www.albumartexchange.us/2010/11/rapper-sheek-louch-reveals-contro...

[4] http://www.plosbiology.org/article/info:doi/10.1371/journal.pbio.0050196